Quanto custa um funcionário

Quando uma empresa começa a crescer, vem a tentação de expandir o negócio para aproveitar ao máximo esse crescimento. Um dos fatores dessa expansão é naturalmente o aumento da equipa de trabalho. Contudo, é essencial analisar muito bem todos os montantes associados à ampliação do número de trabalhadores, de modo a verificar se a empresa aguenta a nova estrutura de custos.

Conheça melhor os cuidados a ter antes de iniciar a expansão da equipa de colaboradores, e ainda, como calcular quanto custa um funcionário para uma empresa.

De uma forma geral, uma percentagem elevada dos custos de uma empresa diz respeito aos trabalhadores. No entanto, essa percentagem varia muito de atividade para atividade, sendo certo que não se pode tomar a decisão de fazer ou não a ampliação da equipa de trabalho apenas tendo esse fator em conta. Por exemplo, enquanto que num escritório de advocacia, o custo com trabalhadores é naturalmente elevada, já numa empresa de distribuição, há outros custos tão ou mais elevados. No entanto, há percentagens máximas que, quando atingidas, irão desequilibrar qualquer empresa, colocando em causa a manutenção de todos os postos de trabalho, ou mesmo a sua sobrevivência.

Tendo isto em conta, e apesar de a massa trabalhadora ser um dos patrimónios mais importantes de qualquer empresa, na verdade, se não corretamente dimensionada, pode levar uma empresa bem sucedida ao fracasso. Como tal, antes de iniciar a expansão da rede de colaboradores, é importante analisar com muito cuidado a relação custo/benefício que essa expansão acarreta. Para o ajudar a evitar dar passes em falso, e a não ter que mais tarde recorrer a despedimentos e a uma reestruturação da sua rede de colaboradores, vamos ajudá-lo a calcular o custo mensal e anual de um trabalhador na sua empresa. Siga o nosso passo a passo.

Passo 1 – Definir o salário base

Vamos partir do princípio que a remuneração bruta é de 900€. Assim, comecemos por multiplicar este valor por 14 (12 meses do ano mais 13º e 14º mês). De seguida, divida o resultado por 12. Assim, conseguirá o valor mensal bruto a pagar ao seu trabalhador por mês, já contabilizando as parcelas mensais dos subsídios de Natal e de férias. Siga o mesmo processo com o seguro de acidentes de trabalho e com as contribuições para a Segurança Social.

Exemplo:

900€ x 14 = 12600€ → 12600€ / 12 = 1050€

Passo 2 – Calcular o seguro de acidentes de trabalho

O seguro de acidentes de trabalho é obrigatório para qualquer empresa, seja ela de maior ou menor dimensão, independentemente do tipo de atividade. Sendo assim, é mais um valor que terá de contabilizar para definir quanto custa um trabalhador para uma empresa. O montante a pagar por trabalhador pode variar de acordo com vários fatores, nos quais se incluem os riscos próprios da profissão em causa, a apólice contratada, etc. Em média, o valor do seguro ronda 1% do rendimento bruto.

Exemplo:

900€ x 1% = 9€ → 9€ x 14 = 126€ → 126€ / 12 = 10,50€

Passo 3 – Calcular as contribuições para a Segurança Social

O valor a pagar pela empresa, bem como pelo trabalhador, à Segurança Social, tem o nome de Taxa Social Única (TSU). O valor total desta taxa representa 34,75% do salário bruto, sendo este valor dividido entre empresa e trabalhador. Assim, enquanto que ao funcionário cabe o pagamento de 11%, já a empresa terá de entregar os restantes 23,75%. Nalguns casos específicos, pode existir isenção de TSU. Estes casos estão geralmente associados aos incentivos estatais à manutenção ou criação de postos de trabalho.

Exemplo:

900€ x 23,75% = 213,75€ → 213,75 x 14 = 2992,50€ → 2992,50€ / 12 = 249,38€

Passo 4 – Contabilizar o subsídio de alimentação

Quando o subsídio de alimentação é pago sob a forma de um cartão refeição (cartão bancário pré-pago), o seu valor apenas é sujeito à taxa de TSU a partir do valor de 6,83€. Já o subsídio pago em dinheiro, depositado juntamente na conta com o ordenado mensal, baixou para os 4,27 devido à redução do limite de incidência da TSU e IRS sobre este subsídio. Para contabilizar os custos mensais associados ao subsídio de alimentação basta multiplicar o seu valor por 21 dias (média de dias de trabalho por mês), por 11 meses. Não se contabilizam os 13º e 14º mês, nem o mês de férias.

Exemplo – (subsídio pago em dinheiro)

4,27€ x 21 dias úteis = 89,67€ → 89,67€ x 11 meses = 986,37€ → 986,37€ / 12 = 82,20€

Passo 5 – Custos extra

Há ainda outros custos extra, além dos anteriormente mencionados, que terão que ser contabilizados mais tarde. Medicina no trabalho, formação e auditoria de higiene e segurança no trabalho e formação profissional (a empresa tem obrigatoriamente fornecer 35 horas de formação acreditada por ano).

Passo 6 – Calcular o custo mensal por funcionário

Após contabilizar todos os valores que a empresa tem de despender, é altura de somar tudo e verificar quanto custa um trabalhador para a empresa. Tendo em conta os exemplos dados, temos o seguinte:

Salário base: 1050€

Seguro de acidentes de trabalho: 10,50€

Segurança Social: 249,38€

Subsídio de refeição: 82,20€

Custo médio mensal: 1392,08€

Custo total anual: 16 705€

Analise a relação custo/benefício

Após calcular o valor que custa um funcionário para a sua empresa, é hora de avaliar se realmente expandir a equipa de trabalho é uma boa ideia ou não.

Vejamos o exemplo dado. Caso esteja a pensar reestruturar a sua empresa aumentando a sua equipa de trabalho em 3 colaboradores nas condições descritas no exemplo (16705€ x 3 = 50114,90€), para ter um lucro extra no final do ano de 45000€, o saldo final é claramente negativo. Mesmo que a diferença entre lucro extra previsto e custo salarial extra seja positiva, é importante que seja suficientemente grande de modo a precaver todas as variáveis e existirem sempre condições para a existência de lucro apesar dos gastos a mais com esses 3 colaboradores.

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